O primeiro Partido Comunista do Brasil, com a sigla PCB, foi fundado em 25 de março de 1922. Surgiu como resultado dos movimentos sindical e operário, motivados pelo triunfo da revolução comunista na Rússia, em 1917. Começou ativo e, mesmo na clandestinidade, traduziu e divulgou o livro Manifesto do Partido Comunista da União Soviética.
Até a década de 1930 realizou três congressos (1922, 1925, 1928) e lançou o jornal A Classe Operária. Logo depois, ingressou no Komintern - Terceira Internacional ou Internacional Comunista -, criando a sua Juventude Comunista. O partido incorporou, nessa época, cerca de mil militantes e experimentou um período pleno de crescimento, infiltrando-se em quartéis, fábricas e outras instituições.
Contando com Luís Carlos Prestes em suas fileiras, articulou em 1935, uma frente nacional, a Aliança Nacional Libertadora (ANL), logo depois posta na ilegalidade.
Com o fracasso da Intentona Comunista (1935), primeira tentativa de tomada do poder pelas armas, alguns de seus lideres foram presos, outros passaram à clandestinidade e o partido foi colocado na ilegalidade, situação que perdurou até 1945. Atendendo ao chamado do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), nem as prisões, nem a clandestinidade, muito menos a ilegalidade o impediu de participar de atividades internacionais, como o apoio aos comunistas na Guerra Civil Espanhola e o evento de combatentes para brigadas internacionais, mantendo internamente, a infiltração nas escolas, nos quartéis, nas fábricas e em organizações de trabalhadores rurais.
Em maio de 1943, a Intentona Comunista foi extinta, levando ao PCB a se rearticular e apoiar o presidente Vargas contra o nazismo. Desencadeou uma campanha pela anistia em favor dos que haviam participado da Intentona e iniciou um movimento pela paz mundial, desenvolvendo intensas atividades de massa e de organização. Essa é a tática de sempre: aproveitar a crise - no caso a Segunda Guerra Mundial - para, sob o pretexto de defender a paz, angariar a confiança e o apoio da população.
Ao aproximar-se o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o presidente Vargas decretou a anistia e legalizou todos os partidos políticos. Graças ao seu trabalho clandestino, o PCB era o mais organizado, tendo, inclusive, uma grande estrutura jornalística, com influência no seio da intelectualidade e dos lideres estudantis.
Em novembro, Prestes, secretáno-geral do PCB, foi a Recife para as comemorações do 10° Aniversário da Intentona Comunista. Durante o evento declarou que em 1935 pretendera, apenas, realizar uma revolução democrático-burguesa. Falseava a verdade, já que a Intentona fora planejada, orientada e parcialmente executada por agentes a soldo de Moscou, para implantar um regime totalitário em nosso País, como o vigente na URSS.
De 1945 a 1947, proliferaram, ostensivamente, na periferia de Recife e nas cidades próximas, associações de trabalhadores rurais que eram doutrinados por membros do PCB.
Em dezembro de 1945, o partido elegeu 14 membros para a Assembleia Nacional Constituinte e Prestes foi eleito senador.
Já no governo Eurico Gaspar Dutra (janeiro de 1946 a janeiro de 1951), o Brasil rompeu relações com a URSS. O PCB foi declarado novamente ilegal. Muitos militantes, inclusive Prestes, voltaram a agir na clandestinidade. Nesse ponto, ficou célebre a declaração de Prestes de que, em caso de guerra entre o Brasil e União Soviética, ele lutaria ao lado dos soviéticos. O internacionalismo era o seu grande farol.
Em outubro de 1949, o Partido Comunista Chinês proclamou a República Popular da China. A revolução chinesa foi vitoriosa. empregando militarmente a tática de cercar as cidades, a partir da luta no campo para, depois, conquista-las. Essa estratégia influenciou alguns lideres do PCB que pensavam reproduzila no Brasil. O sonho da luta armada continuava, o MST atual tem essa mesma estratégia.
Em 1950, o PCB lançou o "Manifesto de Agosto", repetindo o discurso feito por Prestes cinco anos antes, em Recife. Defendia a revolução como a única solução para os problemas brasileiros e conclamava operários, camponeses, mulheres, estudantes, soldados, marinheiros e oficiais das Forças Armadas a formar uma Frente Democrática de Libertação Nacional, reedição da ANL. Estimulou o povo a pegar em armas e propôs a criação do Exército Popular da Libertação Nacional.
Influenciados pela revolução chinesa, alguns militantes do PCB passaram a atuar em Porecatu, norte do Paraná (1950-1951): no Triângulo Mineiro; e na região de Trombas e Formoso, em Goiás (1953-1954).
Esses militantes buscavam transformar a luta de posseiros em núcleos de uma revolução camponesa.
Em fevereiro de 1956, realizou-se o XX Congresso do PC da União Soviética (PCUS). O secretário-geral, Nikita Kruschev, apresentou um relatório secreto abordando dois temas básicos: o combate ao culto da personalidade e a política de coexistência pacifica, admitindo a concomitância do capitalismo com o comunismo.
Em consonância com o PCUS, o PCB aprovou e divulgou a "Declaração Política", que propunha uma nova tática para a ação comunista no Brasil, como estratégia de longo prazo para a tomada de poder.
Em razão das divergências no Comitê Central do PCB quanto à aceitação dos termos aprovados na "Declaração Política", um grupo de integrantes da Comissão Executiva, minoritário e mais radical - Diógenes Arruda Câmara, João Amazonas, Sergio Holmos e Maurício Grabois -, foi afastado.
Com isso, no início dos anos 60, o partido começou a se dividir e deu origem a muitas outras organizações de esquerda, que atuariam antes e depois de 1964.
Em 1961, o Partido Comunista do Brasil passou a chamar-se Partido Comunista Brasileiro, mantendo a sigla PCB. Substituía o "do Brasil" por "Brasileiro", para mascarar a sua vinculação como seção brasileira de um partido comunista estrangeiro, o Partido Comunista da União Soviética.
Nesse cenário delineavam-se, claramente, dois grupos. A causa da cisão foi a questão da luta armada. João Amazonas*, Maurício Grabois*, Pedro Pomar* e outros estalinistas defendiam as resoluções do IV Congresso e se posicionavam a favor da China, nas divergências com a URSS. Diógenes Arruda Câmara era partidário da revolução agrária e dizia ser necessário desencadear a guerrilha rural, como o processo chinês e, depois, partir para a guerrilha urbana e tomar as cidades.
Posteriormente, a estratégia do PCB, de não participar da luta armada, levou inúmeros militantes a se afastarem do partido, dentre os quais destacam-se Carlos Marighella, Mario Alves, Jacob Gorender, e Apolônio de Carvalho.
Em fevereiro de 1962, as rupturas no PCB proporcionaram a criação de um novo partido comunista, vinculado à linha chinesa, que se autodenomina desde então, Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
"Articulado por Amazonas, Grabois, Pomar, um protesto, subscrito por uma centena de militantes, encapou a argumentação e declarou assumir a defesa do verdadeiro Partido Comunista. Em fevereiro de 1962, reuniu-se a chamada Conferencia Nacional Extraordinária do Partido Comunista do Brasil, logo conhecido pela sigla PCdoB. Consumava-se a cisão e formalizava-se a coexistência de dois partidos comunistas, em nosso País. O PCdoB se proclamou (e o faz até hoje) o mesmo partido comunista fundado em 1922 e reorganizado em 1962" (GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. 5° edição revista e ampliada. Editora Ática, página 38).
* João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar participaram ativamente da Guerrilha do Araguaia.
Fontes:
- SOUZA, Aluisio Madruga de Moura e, Guerrilha do Araguaia - Revanchismo
- http://www.grandecomunismo.hpg.com.br/pcb.htm
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