Nos seus primeiros anos, o PCB foi envolvido por inúmeras crises e não definiu a sua linha política. Mesmo assim, a atividade clandestina deu-lhe relativo sucesso na infiltração e recrutamento nas Forças Armadas.
Entre 1924 e 1927, Prestes percorreu o Brasil na chamada "Coluna Prestes" ou "A Grande Marcha". Essa marcha comandada, na realidade, por Miguel Costa, pregava a luta armada contra a política viciada da época, objetivando a deposição do presidente Artur Bernardes. A repercussão do movimento fez de Prestes um dos mais respeitados lideres entre os tenentes. Nessa época, ele era um revolucionário em busca de uma ideologia.
O idealismo do Movimento Tenentista (1922-1928), ao longo do tempo, foi manipulado. Com isso, o PCB conseguiu a simpatia de militares como Maurício Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregório Bezerra, Agliberto Vieira de Azevedo, Dinarco Reis, Agildo Barata e Luís Carlos Prestes. Muitos desses voltariam a ter atuação destacada nos períodos anterior e posterior à Contra-Revolução de 1964.
No inicio de 1930, o prestigio do então capitão Luís Carlos Prestes, exilado na Argentina, ainda era grande. Em maio, começou a abraçar a ideia de uma revolução agrária e antiimperialista e rompeu com seus companheiros de coluna. Angariou simpatia no meio comunista, exatamente pela sua participação no movimento militar que marchou pelo interior do País, nos tempos do Movimento Tenentista. Encontrou então, uma ideologia para seu espírito revolucionário. Em maio de 1931, declarou-se publicamente, comunista e, em novembro do mesmo ano, desembarcou na União Soviética, a fim de aprimorar seu doutrinamento político.
Em Moscou, fez curso de liderança e capacitação marxista-lenista, sendo nomeado membro do Comitê Executivo do Komintem. Por transformar-se em um fanático comunista, deixando de lado os sentimentos nacionalistas, Prestes recebeu do Komintem a incumbência de chefiar a ação armada no Brasil. O plano deveria ser executado de forma rápida e eficaz, não dando tempo necessário ao governo para reagir.
Prestes retornou ao Brasil em 1935, já como presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora. Veio por Nova York, com o nome Antônio Vilar e trazia, "de fachada", como esposa, Mana Bergner Vilar, na verdade, Olga Benário.
De familia judia. Olga nasceu em Munique, Alemanha. Com quinze anos filtrou-se a uma organização comunista clandestina, passando a fazer parte da Juventude Comunista Alemã. Presa, por duas vezes, em sua terra natal, fugiu para a União Soviética, onde cursou a Academia Militar da Rússia. Tornou-se, na realidade, uma profissional do serviço secreto militar russo, assumindo a Secretaria de Agitação e Propaganda de sua base operária. Exerceu funções internacionais, com o encargo de escolher novos dirigentes para a organização comunista. Usou, entre outros, os nomes de Ana Baum, Frieda Wolff Beherendet, Ema Kruger, Olga Meireless, Olga Begner e Olga Sinek. Era especializada em espionagem.
Treinada para obedecer aos chefes, disciplinada, jamais saindo da linha proposta pelo partido, foi, antes de tudo, um fantoche à disposição do Exército Vermelho. Cumprindo sempre, cegamente, as determinações, deixou seu marido russo B.P.Nikitin, em dezembro de 1934, para acompanhar Prestes que voltava ao Brasil.
Mitificar as figuras de Luís Carlos Prestes e Olga, criando um clima de paixão entre os dois e apresenta-los como heróis brasileiros é insensatez, falsidade e cinismo. Prestes teve a incumbência de chefiar a ação armada no Brasil. O plano era impulsionar o movimento vermelho na América do Sul. Olga tinha a missão de fazer sua segurança e, juntamente com ele, desencadear a revolução comunista brasileira.
Olga morreu em um campo de concentração nazista, após ter sido deportada do Brasil, no governo Vargas. Por ironia do destino, sua vida teve fim pela crueldade de um regime tão bárbaro quanto aquele para o qual tanto se dedicou.
Viveu para servir à extrema esquerda e morreu sob o tacão da extrema direita.
Fontes:
- Jornal Inconfidência - Edição Histórica - 27/11/2004 - Belo Horizonte
- Email: ginconfi@vento.com.br
- SOUZA, Aluísio Madruga de Moura e, Guerrilha do Araguaia - Revanchismo.
Aprendendo...
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